Assessoria – O Dia Mundial de Limpeza de Rios e Praias, celebrado em 20 de setembro — sempre no terceiro sábado do mês — reuniu milhares de voluntários em todo o planeta. No Brasil, a iniciativa é coordenada pelo Instituto Limpa Brasil.
No litoral do Paraná, a ação contou com a articulação da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS) e da Grande Reserva Mata Atlântica, em ações que retiraram quase 1,3 tonelada de resíduos de áreas naturais, com forte engajamento comunitário e apoio estratégico do Global Nature Fund (GNF), fundação alemã parceira da SPVS no projeto “Conexão e capacitação de jovens para fortalecer uma economia restaurativa no maior contínuo de Mata Atlântica no Brasil”.
O projeto integra a mesma iniciativa que promoveu a Escola de Conservação da Natureza, junto à SPVS, neste ano.
Antonina remove mais de uma tonelada de resíduos
No dia 18 de setembro, cerca de 51 pessoas se reuniram no Trapiche Municipal de Antonina para uma grande mobilização que resultou na retirada de 1,130 kg de resíduos. A ação teve a participação direta da prefeita do município, Rozane Ozaki, que remou junto aos voluntários, e contou com a presença de secretarias municipais, Defesa Civil, Corpo de Bombeiros, Colônia de Pescadores Z-8 e dezenas de parceiros institucionais e empresariais, como Adetur Litoral, Comtur Antonina, Terminal Ponta do Félix, Hotel Camboa, Nutrimental, Gusso Turismo, entre outros.
Além do trabalho de coleta, a ação também reforçou a importância da integração entre diferentes setores, como poder público, empresas, comunidade pesqueira, organizações ambientais e instituições de ensino, por exemplo, para garantir a conservação de ecossistemas essenciais à economia e à qualidade de vida local.
Jovens protagonizam ação em Guaraqueçaba
No dia 24 de setembro, a mobilização ocorreu em Guaraqueçaba, com ponto de encontro na Praça Central do Trapiche Willian Michaud. Participaram 74 pessoas, entre elas 51 jovens estudantes de 13 a 18 anos do Colégio Estadual Marcílio Dias, acompanhados de professoras, pescadores, representantes da prefeitura, pousadas e reservas naturais locais.
Ao todo, foram recolhidos 63,8 kg de resíduos, sendo 53,5 kg recicláveis e 10,3 kg não recicláveis. A ação teve apoio de instituições locais, como a Secretaria da Pesca, Secretaria de Meio Ambiente, Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, Pousada do Biguá e do Programa Estrelas do Mar, além da parceria com o projeto Entre Mangues e Caranguejos, que integra a iniciativa Floresta Viva (FUNBIO, Petrobras e BNDES).
A semana ainda registrou atividades complementares. Em 18 de setembro, a Comunidade do Morato mobilizou 11 pessoas em uma ação liderada pela Fundação Grupo Boticário, que percorreu 5 km do Rio Morato e resultou na retirada de 19 kg de resíduos.
Na mesma data, na Ilha Rasa, cerca de 50 pessoas se engajaram em um mutirão organizado pela comunidade do Almeida e Ponta do Lanço, com apoio da SPVS, alcançando a coleta de 62,5 kg de lixo. Essa ação contou ainda com o apoio do Projeto de Conservação do Papagaio-de-cara-roxa, da SPVS, prefeitura Municipal de Guaraqueçaba e grupo Estrelas do Mar.
Apoio do GNF fortalece Escola de Conservação da Natureza
As ações no litoral paranaense receberam apoio logístico do projeto em parceria com o Global Nature Fund (GNF), que forneceu materiais como sacos de lixo. Luvas, protetores solares, repelentes, garrafas de água, balança de medição e lanche para os participantes também foram oferecidos pela iniciativa. O projeto Entre Mangues e Caranguejos contribuiu com a oferta de bonés para os voluntários.
A parceria da SPVS com o GNF amplia o alcance da Escola de Conservação da Natureza, criada em 2017. A iniciativa busca envolver jovens, professores e empreendedores em ações de educação e mobilização comunitária, fortalecendo o pertencimento e incentivando que a Mata Atlântica seja vista não apenas como patrimônio natural, mas também como ativo econômico e cultural, capaz de gerar emprego, renda e novas oportunidades no litoral do Paraná.
Segundo Solange Latenek, responsável pelos projetos de educação para a conservação da biodiversidade na SPVS, a integração dessa atividade ao calendário da Escola reforça seu caráter educativo.
“A limpeza não se limita à retirada dos resíduos. É uma oportunidade para que os jovens e a comunidade reflitam sobre o impacto do lixo no território e sobre o papel de cada um na conservação. Para a Escola de Conservação da Natureza, essa experiência prática amplia o aprendizado e conecta a teoria ao cotidiano das pessoas”, destacou.
Esforço coletivo pela conservação
Outras instituições também abraçaram a causa com mutirões pelo litoral. O Programa de Recuperação da Biodiversidade Marinha (Rebimar), iniciativa da Associação MarBrasil patrocinada pelo Governo Federal, por meio do programa Petrobras Socioambiental, reuniu 176 voluntários em Pontal do Paraná, no dia 20 de setembro, recolhendo 894 quilos de resíduos na areia e na restinga.
Em Matinhos, o SESC coordenou a ação de limpeza que reuniu 500 pessoas. Os voluntários se surpreenderam com a quantidade de bitucas de cigarro: foram mais de cinco mil. De lacres plásticos, conhecidos como “enforca-gato”, foram mais de 200. Mesmo com tantos itens pequenos a pesagem chegou a 700 quilos.
Este ano, novamente, a limpeza incluiu manguezais, com coordenação do Projeto Guardiões dos Manguezais Parnanguaras, da Associação MarBrasil. Na Ilha dos Valadares, 49 voluntários recolheram 1.120 quilos de resíduos. Somando esse montante com outros mutirões organizados com apoio de empresas, entidades e poder público, o total chegou a 17 toneladas, em sete pontos de mobilização em Paranaguá.
Em Guaratuba, o mutirão foi coordenado pelo Instituto Guaju, em parceria com a Prefeitura e apoio de instituições como SESC-PR, Instituto Inpar, IAT, ACIG, Meros, LEC-UFPR e Grande Reserva Mata Atlântica. Mais de 200 voluntários participaram da ação, que retirou mais de 1 tonelada de resíduos. Todo o material foi encaminhado à separação e destinação adequadas.