Sumi Costa* – Até o dia 25 de novembro, Curitiba recebe a segunda edição da Mostra Black Home Sul, que aporta na capital com o tema Black Experience e a missão de transformar a forma como a gente vive e sente a arquitetura. O evento vai além de exibir tendências: a proposta é mergulhar os visitantes em ambientes que despertam emoções, memórias e sentidos, criando uma verdadeira viagem sensorial.
São 20 ambientes assinados por 25 nomes de peso da arquitetura, do design de interiores e do paisagismo, ocupando duas charmosas casas no Batel. Texturas, cores, luz, aromas e até sons entram em cena para contar histórias e provocar sensações únicas. “Queremos que cada pessoa que passe por aqui leve uma memória emocional consigo”, resume Fernando Rodrigues, CEO da mostra.

Com programação que inclui palestras, ativações e encontros, a Mostra Black Home Sul se consolida como um espaço de inspiração para profissionais e apaixonados por design, arte e arquitetura. Dos espaços residenciais a wine bars, lounges e restaurantes, cada detalhe foi pensado para ser vivido intensamente — porque, por aqui, arquitetura não se olha, se sente.
Entre os 25 nomes que assinam os 20 ambientes da mostra estão alguns dos principais profissionais da arquitetura, design de interiores e paisagismo do Sul do país. O time reúne veteranos consagrados e talentos em ascensão, que exploram desde suítes e cozinhas gourmet até wine bars, lounges e jardins. Entre eles, figuram nomes como Ivan Wodzinsky, Luiz Maganhoto e Daniel Casagrande, Rosa Dalledone, Viviane Busch além de jovens arquitetos que trazem frescor e inovação às propostas.
Artesian reinventa sua história e aposta em design autoral”
Com quase 50 anos de estrada, a paranaense Artesian vive um momento de renovação. Criada por Dorival Hadas, nome visionário que antecipava tendências ao buscar referências fora do Brasil, a marca cresceu apoiada em uma estrutura industrial robusta e diversificada, que vai da marcenaria à metalurgia. Hoje, com duas plantas no Sul do país e mais de 300 colaboradores, a empresa atende clientes de peso como shoppings BR Malls, redes hoteleiras e grupos gastronômicos, produzindo em média 2.500 peças por mês. Após a perda de seu fundador durante a pandemia, a condução ficou a cargo de sua filha, Doriane Hadas Abage, engenheira mecânica que trouxe precisão, processos industriais e agora um olhar voltado ao design autoral e ao futuro.

O passo mais ousado dessa nova fase veio em 2025, com a estreia de uma diretoria criativa liderada pela designer Ana Penso. Sua primeira coleção, batizada de Ópera, homenageia a icônica Ópera de Arame em Curitiba e traduz simplicidade funcional em metal, numa pegada inspirada pela Bauhaus. Junto ao novo gerente industrial, Patrick Afornalli, a empresa modernizou sua estrutura, investiu em tecnologia e incluiu práticas de sustentabilidade, além de adotar um calendário de lançamentos mensais que mantém o catálogo sempre atualizado. A presença em mostras de arquitetura e design, como a CASACOR Ribeirão Preto e a Mostra Black Curitiba, reforça o reposicionamento. Para os próximos anos, a meta é ir além das fronteiras nacionais, transformando o mobiliário da marca em experiências que dialogam com branding, inovação e internacionalização.
Da UTI neonatal ao ateliê: a história de quem se reconstruiu pelas próprias mãos
Por quase 25 anos, a curitibana Maria Angélica Telles viveu entre incubadoras, corredores de hospital e plantões sem fim. Neonatologista em Curitiba e Pato Branco, esteve no centro da urgência, cuidando de prematuros, enfrentando doenças graves e entregando notícias difíceis. A pandemia, no entanto, foi o ponto de virada: entre caixões lacrados, despedidas dolorosas e a dor de ver crianças partirem sem os pais por perto, Maria percebeu que precisava se reencontrar. E esse reencontro veio pelas mãos — literalmente. A cerâmica, que começou como passatempo em 2017, virou refúgio em 2021 e, pouco depois, caminho de cura.

Em 2025, ela trocou o jaleco pelo barro e inaugurou em Curitiba o Almamia, um ateliê que une arte, estética e acolhimento. Inspirada por estúdios da América Latina, além de referências japonesas e escandinavas, Maria criou um espaço intimista, onde cada peça carrega afeto e intenção. Localizado no bairro Mercês, o ateliê oferece oficinas, vivências e peças autorais, sempre em grupos pequenos, para que o tempo desacelere e o gesto manual se torne linguagem. “Modelar é escutar em silêncio, é se reconstruir pelas próprias mãos”, diz ela, que hoje vê na cerâmica não só uma profissão, mas uma escolha de vida.
Pautas e contatos colunaentreespacos@gmail.com
*Formada em Relações Públicas e Jornalismo pela UFPR, Sumi Costa atua em Assessoria de Imprensa desde 1997. Com trajetória consolidada na comunicação institucional e produção de conteúdo, assina esta coluna voltada a projetos criativos, novos produtos, tendências do morar e os bastidores do setor imobiliário.