Por André Nunes – Mel Lisboa não cansa de surpreender. Além de encarnar – no sentido cênico, mas com fortes ligações espirituais – a emblemática Madame Blavatsky* em um espetáculo solo que passou pelo Guairinha, em 2023, e segue em cartaz, a atriz segue dando vida à Rainha do Rock no espetáculo “Uma Autobiografia Musical“. E em dose dupla: nesta quinta (25), Mel Lisboa subiu ao palco do Tork n’ Roll com banda completa para celebrar a obra de Rita Lee.
No repertório, cerca de 20 canções que marcaram gerações e revelam a irreverência, o humor e a força feminina que Rita sempre carregou. O show também resgata o lado mais dançante e romântico da parceria de Rita com Roberto de Carvalho. As fotos de nossa parceira Lina Sumizono, com exclusividade para o Mural do Paraná, revelam um pouco da energia vista pelo público que encheu o Tork para celebrar Rita e prestigiar Mel.

De “Agora só falta você” a “Doce Vampiro“, passando por “Mania de Você“, “Lança Perfume“, “Esse Tal de Roque Enrow” e o hino “Ovelha Negra“, praticamente todos os hits da nossa querida bruxa paulistana estiveram representados por Mel Lisboa, sem qualquer imitação ou afetação. Sua performance exibe o vigor de quem, aos 43 anos, mantém uma relação íntima com as personalidades a quem empresta o corpo. Nesse sentido, Mel se descreve como “operária da arte”.
“É sempre enriquecedor poder viver todas essas experiências, a gente vira um atleta da arte, um operário da arte. E a gente vai transitando em diferentes áreas, tudo isso vai te ensinando, vai te dando estofo, ferramentas. E por mais que sejam coisas diferentes, o musical, o show e o solo (Blavatsky), existe uma conexão entre os três que é muito bonita. Fico emocionada, acho que as coisas não acontecem por acaso“, explicou Mel Lisboa, em entrevista ao Mural.

Voltando ao show em homenagem à Rita Lee, uma curiosidade: nos backing vocals, a banda conta com a participação de Débora Reis, que acompanhou Rita nos palcos durante 15 anos – inclusive no último show de sua carreira, em 28 de janeiro de 2012, em São Paulo. A banda de apoio conta com Rovilson Pascoal na guitarra, André Bedurê no baixo, Ricardo Berti na bateria, Jackie Cunha na percussão, Márcio Guimarães no teclado e André Caccia Bava no violão e guitarra.

Quando perguntei se ela acha que Rita Lee e Madame Blavastky estariam “acompanhando” essa jornada (satisfeitas, diga-se) de um outro plano, Mel sorriu e relembrou que não foi atrás de nenhuma das duas personagens. “Recebi os convites do Márcio Macena e da Cláudia Barral e, de repente, me vi fazendo as duas, inclusive com temporadas ao mesmo tempo. Além de perceber certa conexão entre as duas. Então acho que elas queriam que isso acontecesse”, concordou.
Polivalente, talentosa e surpreendente como atriz e cantora, Mel Lisboa Alves entrega performances em suas duas décadas de carreira que, certamente, deixaram para trás a imagem do papel que a lançou nacionalmente em 2001, na minissérie Presença de Anita, adaptação de Manoel Carlos da obra de Mário Donato. Tal qual as igualmente geniais Rita Lee Jones e Helena Petrovna Blavatsky.
PS: Em tempo, a escritora russa Helena Blavátskaya (1831-1891) foi cofundadora da Sociedade Teosófica, que pregava a junção de todos os credos, incentivando a pesquisa científica, o pensamento independente e a crítica da fé cega por meio da razão.