domingo, 17 agosto, 2025
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Conversa nas Horas Zagas: Minha velhice e a criança

Por Zaga Mattos – “Quero que meu filho seja um futebolista quando crescer”.

— Dá uma bola para ele ficar chutando pela casa!

Essa receita todos a têm na ponta da língua. Poucos, porém, observam que há risco de quebrar alguma porcelana ou aquele caneco de chope da Hofbräuhaus, que o genro lhe trouxe de Munique numa viagem à Alemanha.

Se há a necessidade da familiaridade no trato com a bola para formar o craque de amanhã, você também verá que é de menino que se torce o pepino, seja na gastronomia ou em qualquer outra atividade na vida. Não há receita pronta para quem deseja se preparar para qualquer situação nessa vida. Não se improvisa a excelência; ela é resultado de um processo de dedicação.

E assim estou vivendo a vida. Se o tempo não me trouxe rugas ou marcas de preocupação, talvez pela minha maneira de enfrentar os percalços da vida, conseguiu, por outro lado, apresentar-me, a seu modo, às etapas que vão surgindo. As melancias vão se ajeitando a cada sacolejo da carroça.

Graças a essa compreensão consegui receber, com um leve sorriso, uma frase que poderia despertar irritação. No momento em que a ouvi e vi a autora, lembrei-me de um dos ensinamentos de Erasmo de Roterdam, em sua obra Elogio da Loucura.

– Velhinho, posso jogar bolinhas em você?

Virei-me e vi, diante de mim, uma garotinha de 5 ou 6 anos, com sua canequinha soltando bolhas de sabão.

Desarmado, restou-me abrir um largo sorriso e lhe dizer: você pode!

Afinal, estava ali a síntese do ensinamento de Erasmo de Roterdam: às crianças e aos velhos é dado o direito de cometer loucuras!

NR: A “modelo” da foto é umas minhas netinhas.

Acompanhe-me em www.zagamattos.com.br

*Zaga Mattos é autor do livro “Memórias de um boêmio de chinelos! Pedido de livro: Whatsapp 47-99925-6161 ou e-book na Amazon. Luiz Gonzaga de Mattos, é jornalista “curitibano-barriga verde” e escritor. Cronista do cotidiano e da boemia, também faz as tirinhas e charges da home do Mural do Paraná – desde os tempos do Blog do Aroldo Murá.

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