quinta-feira, 14 agosto, 2025
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Impacto do tarifaço domina 1º dia do Seminário de Negócios

Assessoria – As mudanças recentes no cenário global do comércio exterior dominaram as discussões do primeiro dia do 5º Seminário de Negócios Internacionais, que começou ontem, 12, em Curitiba, e termina na quinta-feira, 14. Durante os debates sobre oportunidades para a indústria na América Latina, representantes do Brasil, México, Argentina e Uruguai elencaram os desafios do comércio internacional diante das novas tarifas e cogitaram a possível migração de negócios para países vizinhos, de onde poderiam exportar com taxas menores, minimizando os impactos da super taxação.

O diretor do Centro de Negócios Globais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Lucas Ferraz, alertou para uma eventual transferência de parte do setor produtivo brasileiro para outros países do Mercosul. “Perdurando essa taxação, uma possível alternativa a uma empresa que está aqui no Brasil e que exporta para os Estados Unidos é realocar a sua produção para a Argentina, pagando uma tarifa de 10% ao invés de 50%. Além disso, pode continuar vendendo seus produtos no Brasil pagando tarifa zero, porque temos uma zona de livre comércio aqui”, observa. Segundo ele, esses fatores podem mudar a geografia do setor produtivo na América Latina.

Na mesma perspectiva, Ignacio Del, diretor geral do WTC Montevidéu, aponta também outra alternativa, que é a existência de duas zonas francas de serviço que funcionam no Uruguai e que podem ser complementares à indústria brasileira. “Existem grandes empresas que atuam em seus países e organizam centros de serviços compartilhados no Uruguai. Portanto, planejam logística, atividade comercial e outras estratégias utilizando as zonas francas de serviço como complemento de sua cadeia de valor”, esclarece. As empresas que operam nas zonas francas no Uruguai estão isentas do pagamento de impostos no país, desde que empreguem entre 50% e 75% de cidadãos uruguaios.

Recorde de público

O seminário, que este ano reúne público recorde de aproximadamente 1.800 participantes, consolidou-se como uma das principais iniciativas voltadas à internacionalização, promovendo o intercâmbio de experiências, o fomento de parcerias estratégicas e o fortalecimento da competitividade global do setor produtivo.

A presidente do WTC Curitiba, Daniella Abreu, relembra que o fórum de debates iniciou-se em 2021 como um pequeno webinar de 200 pessoas e hoje é um evento internacional com inscritos de mais de 50 países. “Passamos o ano fazendo conexões, apresentando pessoas, fechando novos contratos. Abrimos portas, fronteiras, mercados. Somos conquistadores de market share. Tudo isso fica fácil quando todas essas pessoas se reúnem em torno de um só objetivo: fazer negócios. E hoje, mais do que nunca, levantamos a bandeira da importância de boas conexões e relações internacionais para um ambiente de negócio saudável”, assinala.

A agenda deste ano tem como foco ampliar a presença brasileira no mercado internacional, com ênfase em temas como inovação, sustentabilidade, governança e novas economias. A palestra magna ficou a cargo do presidente do Google Brasil, Fábio Coelho, que falou sobre como potencializar as empresas brasileiras e o ambiente de inovação. “As empresas não precisam de estratégia de IA, mas sim de uma estratégia de negócio que seja impulsionada por IA”, disse ele, ao mostrar as dezenas de soluções que a empresa desenvolve para empresários de todos os portes.

A programação tem mais de 20 painéis temáticos, cerca de 40 conferencistas, rodadas de negócios internacionais e encontros institucionais, reunindo empresários, autoridades públicas, representantes de embaixadas, câmaras de comércio e redes globais de negócios.

O objetivo é que os participantes tenham insights que contribuam para a gestão da internacionalização das empresas, reduzam os riscos na tomada de decisões e auxiliem na redução de custos e burocracia interna, aumentando, assim, a competitividade das empresas.

WTCA Latin America

Junto com o seminário, ocorre a WTCA Latin America Conference, promovida pelo World Trade Center Associations, a maior rede de negócios do mundo, presente em 91 países. Mais de 30 representantes de escritórios do WTC da América Latina e dos Estados Unidos estão reunidos para debater oportunidades e fomentar parcerias.

A tarefa de conectar negócios é um desafio para cada empresário, disse Crystal Edn, diretora executiva do WTCA, que liderou o grupo de 30 executivos da rede global no continente americano, presente no seminário. “Acordos comerciais globais podem abrir portas, mas cabe a nós atravessá-las. Este encontro é onde o comércio global começa. Não em um documento de políticas, mas em um aperto de mão, uma conversa e uma visão compartilhada de sucesso.”

Pacto X

A Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) lançou a plataforma Pacto X, que tem como foco a inteligência para negócios internacionais. “É uma plataforma construída em várias mãos, juntamente com a gerência de relações internacionais do Sistema Fiep. É um painel analítico de comércio, de tarifas e oportunidades externas. Nele, os empresários poderão encontrar diversas informações para apoiar a tomada de decisão na defesa de interesses, na prospecção de novos mercados, na identificação de oportunidades”, avalia Sidartha Ruthes, gerente executivo do Observatório da Indústria da Fiep.

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