sábado, 4 outubro, 2025
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Eloi Zanetti: Yes, nós temos banana – a musa paradisíaca

Sempre gostei de bananas, creio que elas estiveram presentes em minha vida todos os dias – desde sempre. Não passa um dia sem que eu não aprecie pelo menos uma. E, depois que descobri ser o nome científico de uma das variedades – musa parasidiziaca –, passei a gostar mais ainda. Quer nome mais bonito para uma fruta tão deliciosa e saudável?

Banana, em árabe, quer dizer dedo

A banana tem sua origem no Sul da Ásia e há registros budistas que datam 600 a.C. As bananas que cresciam na África e Sudeste da Ásia eram pequenas se comparadas às de hoje. Essas ancestrais eram do tamanho de um dedo e por isso o nome (árabe) dedo.

E aí entra o dedo de um escritor genial – ele a tornou conhecida e apreciada

Quem incrementou o consumo da banana na Europa e nos Estados Unidos foi o escritor Júlio Verne no livro A Volta ao Mundo em 80 Dias (1872) descrevendo suas características e dizendo ser um verdadeiro creme. Logo todo mundo queria experimentar a fruta e, por causa disso, montou-se a Banana Plantation na América Central. A força dessa empresa era tanta que gerou o nome República das Bananas para os países latinos.

Na guerra, o melhor presente – uma banana

Um amigo, o yugoslavo Dimitry Kozeemjakin – já falecido – esteve presente em vários campos de batalha na Segunda Guerra. Ele contou-me que certa vez o sogro do seu irmão chamou-o e disse – “você está indo se refugiar no Brasil e vai embarcar na Itália, peço que venha hoje à noite aqui em casa e traga um paletó desses de ombros cheios, quero que leve um presente para minha filha e genro; eles estão refugiados na Itália”.

Ele foi e o senhor colocou várias jóias e dinheiro nas ombreiras. Seu irmão havia atuado como partizam – guerrilheiro – e incomodara muito os alemães com suas ações e o cerco sobre ele estava apertando, por isso havia se refugiado em Roma. Chegando lá, retiraram as joias e o meu amigo me contou que como recompensa o seu irmão deu-lhe o melhor presente que ganhou na vida – uma banana.

No país das bananas e da cortesia

A atriz Berta Loran, polonesa de origem judaica, contou que ao desembarcar com a familia, aos sete anos, no Rio de Janeiro, fugindo do regime nazista, seus pais pegaram um bonde para irem ao lugar onde se estabeleceriam. No caminho ela viu uma venda com muitos cachos de bananas na porta. Começou a chorar apontando para a quitanda e dizendo querer bananas. O motorneiro parou o bonde, desceu e pegou algumas para ela. Foi uma surpresa. Chegado ao destinho o pai comentou: “viemos para o país certo, em que lugar do mundo um motorista pára um bonde para pegar bananas para uma menininha?”

Carmen Miranda: Bananas is my business

Ela imortalizou as bananas com seu chapéu exuberante, seus trejeitos e alegria tropical. Ao lançar o musical Bananas is My Business ela grifou – os americanos são batatas e nós brasileiros, bananas. A fruta é tão popular que foi imortalizada em canções como – Yes nós temos bananas e Chiquita Bacana dos compositores Alberto Ribeiro e Braguinha – cantadas principalmente pela própria Carmen Miranda, Emilinha Borba, Caetano Veloso e Ney Matogrosso. Outra música que cita a fruta é O Vendedor de Bananas de Jorge Ben Jor. O refrão é este: “olha a banana, olha o bananeiro…”

Ela não é daqui, mas se adaptou bem ao nosso país

O Brasil é rico em frutas nativas, todas com nomes indígenas, como açaí, caju, goiaba, jabuticaba, maracujá, araçá, buriti, cajá, cupuaçu, pequi,  pitanga… O abacaxi, embora não seja originário da Terra Brasilis, mas sim do Paraguai (Rio dos Papagaios), é cultivado e consumido em nosso país.  Abacaxi e ananás também são nomes tupis, mas a gente preferiu o termo abacaxi (fruto cheiroso) e o resto do mundo fala ananás (fruto excelente). Em algumas regiões a banana também é grafada com nome indígena – pacovã, pacovi, pacová – é a banana-da-terra.

A preço de banana

Há algum tempo existia a frase “a preço de banana” para designar um produto barato, pois a fruta era abundante e acessível a todos. Porém os mercadistas, como sempre eles, aumentaram o seu preço e não existe mais nada a preço de banana, nem a própria banana.

*Eloi Zanetti é escritor, especialista em marketing e comunicação corporativa. Contato: eloizanetti@gmail.com

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