Assessoria – Com a chegada do inverno e a queda das temperaturas, típicas do clima seco e frio da região Sul do Brasil, a atenção à saúde da população idosa se torna ainda mais urgente, especialmente nos meses de julho e agosto, onde as temperaturas mais baixas se intensificam. Em virtude da idade avançada, esse grupo é mais vulnerável a doenças sazonais, devido à imunidade reduzida, à maior prevalência de enfermidades crônicas e à maior sensibilidade ao frio, fatores que agravam os problemas respiratórios e cardiovasculares. Questões emocionais relacionadas ao maior isolamento social no período também ficar mais sensíveis. Assim, a estação impõe desafios específicos.
Especificamente na região Sul do Brasil, o Rio Grande do Sul é, proporcionalmente, o estado com o maior número de pessoas idosas do país, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com o Censo 2022, há 115 idosos para cada 100 crianças no estado, o índice mais alto do Brasil. Santa Catarina e Paraná também apresentam envelhecimento populacional acelerado, com 83,2 e 86,2 idosos para cada 100 crianças, respectivamente, ambos acima da média nacional. Nesse contexto, o inverno, já marcado pelo aumento da circulação de vírus respiratórios, representa um risco significativo para essa faixa etária, exigindo atenção especial em toda a região.
“Essa vulnerabilidade se deve a diversos fatores fisiológicos. Com o avanço da idade, o sistema imunológico torna-se menos eficiente na resposta a infecções, enquanto a função pulmonar declina e as vias aéreas perdem elasticidade, dificultando a eliminação de secreções”, enfatiza o clínico geral, Caciano Krenchinski, da Hapvida. “Além disso, a presença de comorbidades, como diabetes e doenças cardiovasculares, também aumenta a suscetibilidade e a gravidade dos quadros clínicos”, acrescenta.
O hábito de permanecer por mais tempo em ambientes fechados e pouco ventilados durante o frio favorece a disseminação de agentes infecciosos, ampliando os riscos à saúde dessa faixa etária.
Cuidados especiais com a população idosa
No caso de doenças crônicas como hipertensão e artrite, o frio intensifica os problemas. “Em temperaturas baixas, ocorre a vasoconstrição (estreitamento dos vasos sanguíneos), elevando a pressão arterial e aumentando o risco de eventos cardiovasculares, como infartos e AVCs”, explica Krenchinski. Em paralelo, o frio intensifica dores articulares e rigidez, dificultando a mobilidade. Para prevenir complicações, é fundamental manter o corpo aquecido com roupas adequadas, garantir um ambiente domiciliar protegido e ventilado, ter uma alimentação balanceada e incentivar atividades físicas leves. “O acompanhamento médico regular é essencial para adaptar o tratamento conforme as necessidades do paciente”, reforça.
“O frio tende a contrair os músculos e reduzir o fluxo sanguíneo, o que pode gerar rigidez e sensibilidade nas articulações”, acrescenta o clínico geral. Para amenizar esses sintomas, recomenda-se manter as articulações aquecidas com roupas térmicas, luvas e joelheiras, além de usar compressas mornas ou banhos quentes. Exercícios leves, como caminhadas em locais cobertos e alongamentos, contribuem para preservar a mobilidade. O acompanhamento fisioterapêutico e o uso controlado de medicamentos prescritos também são importantes aliados no alívio da dor.
Quanto à saúde mental, o isolamento social, que tende a se intensificar nos dias frios, pode impactar profundamente a população idosa, favorecendo o surgimento ou o agravamento de quadros de depressão, ansiedade e declínio cognitivo. “A redução do convívio social, aliada à menor exposição à luz solar e à limitação de atividades externas, contribui para sentimentos de solidão, perda de propósito e desmotivação”, informa o clínico. Para minimizar esses efeitos, é importante estimular o contato regular com familiares e amigos, seja por meio de visitas, ligações ou videochamadas, além de promover atividades sociais adaptadas ao ambiente interno, como grupos de leitura, jogos ou oficinas. O incentivo ao uso da tecnologia e o acompanhamento psicológico também são estratégias valiosas para preservar o bem-estar emocional nessa fase da vida.