quinta-feira, 24 abril, 2025
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Francisco, o Papa que veio ensinar o amor aos marginalizados

Aleteia – Ao anunciar para o mundo a morte do Papa Francisco o Cardeal Kevin Joseph Farrell destacou que “Ele nos ensinou a viver os valores do Evangelho com fidelidade, coragem e amor universal, especialmente em favor dos mais pobres e marginalizados”.

O Papa Francisco pregou o Evangelho com palavras e gestos, conforme o professor Fernando Altemeyer Junior, da PUC – SP, explica neste artigo que retrata o pontificado de Francisco.

O Cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio tomou posse como bispo de Roma em 19 de março de 2013, sábado, festa de São José, o artesão. Ele foi havia sido eleito cinco dias antes no quinto escrutínio no segundo dia do Conclave, e assumiu o nome Francisco para ser o 266º Papa.

O foco primordial do Papa Francisco foi cuidar dos migrantes e refugiados, atuar e defender as periferias do mundo, fazer real um modo de ser Igreja sinodal, atuar na defesa e cuidado da Casa Comum, defender a fraternidade universal em diálogo com as religiões, os povos e as culturas. 

Francisco inaugurou um novo modo de agir na Igreja como bispo de Roma e pastor universal. Suas palavras são esculpidas por experiências existenciais e místico-populares: condescendência, misericórdia, missão, alegria, reforma, fraternidade universal, cuidado com o planeta, colegialidade e diálogo.

A motivação é a missão, Igreja em saída, o cuidado pastoral dos empobrecidos e o rompimento claro do clericalismo que fez da Igreja uma instituição autocentrada e distante do Evangelho de Jesus.

Por meio de seus gestos, Francisco afirma a tempo e contratempo que é chegada a hora histórica da Igreja em saída, de seguir as intuições e textos do Concílio Vaticano II. Ele começou a delinear o novo rosto episcopal e ministerial incluindo todo o Povo de Deus. Evita o clero carreirista e autocentrado, ao buscar presbíteros pastores que tenham amor profundo ao Povo de Deus.

Durante o pontificado de Francisco tivemos o processo penal de um cardeal corrupto italiano condenado a cinco anos de prisão por desvios dos cofres da Santa Sé. Recente o pontífice pediu a dissolução do grupo peruano Sodalicio de Vida Cristã e isso mostra a firme decisão de superar a chaga dos abusos no clero e nas associações católicas.

Um Papa para além de seu tempo

O Papa Francisco foi ordenado presbítero há 55 anos e completou 32 como bispo. Exerceu o cardinalato por doze anos até ser eleito para o ministério petrino. Francisco completou em dezembro 88 anos de idade e não escondeu as fragilidades de sua saúde. Precisava de cadeira de rodas para se locomover e deu total transparência sobre sua internação hospitalar.

O Papa Francisco nomeou 2.241 bispos, atentos ao povo de Deus e aos pobres tendo como lugar teológico privilegiado o Corpo de Cristo na história. Nomeou duas religiosas para serem Prefeitas, uma para o Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica, Irmã Simona Brambilla, de 60 anos; e outra religiosa para Prefeita do Governorato da Cidade Estado: Raffaella Petrini, de 56 anos.

Certamente marcou o mundo a atitude serena e austera do Papa Francisco durante a pandemia de COVID-19 entre 2020 e 202. Muitos líderes diziam que se tratava de uma guerra, mas Francisco tornou-se farol de esperança e cuidado do planeta enfermo ao alertar que era uma tempestade que enfrentávamos em diversos barcos, mas juntos.

A radicalidade da mensagem do Papa Francisco reside na prática ao lado dos empobrecidos que clamam a Deus e pedem amor aos que tem fé. Em nome de Deus, grita Francisco: Paz e bem! Basta da guerra contra o povo ucraniano. Basta de todas as guerras no planeta e contra a vida! Francisco toca a carne de Cristo em cada ser humano que pede amor, justiça e compaixão. Francisco quer que amemos a criação e todos os seres. Propõe o Evangelho da leveza e da esperança, na Igreja missionária ao lado dos migrantes e refugiados. Fala do Evangelho de Jesus com serenidade e coragem! Francisco assim disse ao povo da República Democrática do Congo em 2023: “Assim diz um provérbio: Quando comes a tâmara, vês a palmeira, mas quem a plantou, há muito tempo que voltou à terra. Por outras palavras, para se obter os frutos esperados, é preciso trabalhar com o mesmo espírito dos plantadores de palmeiras, pensando nas gerações futuras e não nos resultados imediatos. Semear o bem faz-nos bem: liberta da lógica estreita do ganho pessoal e dá de prenda a cada dia o seu porquê; traz à vida o respiro da gratuidade e torna-nos mais semelhantes a Deus, semeador paciente que irradia esperança sem nunca se cansar”.

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