Assessoria – É comum que, ao chegar ao fim de ano, façamos uma retrospectiva e uma análise reflexiva acerca dos últimos meses que se passaram. Todos vivemos momentos de alegrias e de gratidão, mas também passamos por momentos de tristeza, conflitos e variados desafios. Essa reflexão pode levar a um misto de emoções agradáveis e desagradáveis ao mesmo tempo e aí fazemos a pergunta: como cuidar da saúde mental nesse período?
A psicóloga Juliana Corrêa Schwarz, professora do Centro Universitário UniOpet, aconselha que cada pessoa faça um balanço de suas emoções e sentimentos. “O autoconhecimento é um aspecto fundamental quando falamos em saúde mental. Ao longo do ano, trabalhamos com nossos alunos de Psicologia temáticas relacionadas à saúde mental nos projetos integradores. As temáticas incluem as técnicas de mindfulness, que levam a práticas de concentração e atenção”, explica.
A seguir, a especialista lista cinco dicas para lidar com a saúde mental durante o período do fim de ano, em que afloram memórias e questões ligadas à família, amigos e ao luto. “Conhecer a si mesmo deve ser um exercício diário, para que consigamos ser serenos, ter paz de espírito, para enfrentar situações e sentimentos difíceis com muito amor e coragem.”
Identifique as emoções
Em primeiro lugar, precisamos identificar as emoções, prestar atenção em como elas afetam nosso corpo e nossos pensamentos sem fugir delas ou evitá-las. Por mais paradoxal que possa parecer, melhoramos a nossa saúde mental quando acolhemos nossos sentimentos, mesmo sendo desagradáveis. O pior que se pode fazer é fingir que nada está acontecendo, pois as emoções são sinais que o corpo dá para que possamos refletir sobre nossa condição para, então, fazer algo com isso.
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Muitas vezes sentimos tristeza nessas datas de fim de ano porque lembramos de pessoas e situações significativas e que nos são caras. Nesses momentos, o melhor é compartilhar, falar com as pessoas mais próximas e, (por que não?) chorar quando sentir vontade. Também é útil escrever os pensamentos e sentimentos em um diário ou no próprio celular.
Conflitos
Durante o ano podem ter ocorrido desentendimentos familiares e entre amigos, o que favorece o surgimento de outros sentimentos que ficam exacerbados no período de festas, como a raiva, a mágoa e ressentimentos. Aqui é importante refletir sobre qual a melhor atitude frente a cada contexto, já que não há uma resposta certa e única. Tudo vai depender do tamanho do conflito, da situação e das pessoas envolvidas. Vale parar e observar essas emoções para entender o que elas nos mostram para decidir entre se afastar de algumas pessoas, perdoar ou conversar abertamente com os envolvidos para buscar a resolução do conflito. Não são atitudes fáceis – tudo que envolve conflito vai nos demandar coragem, inteligência emocional e uma fala assertiva e não violenta.
Lidando com o luto
Pessoas que passaram por perdas e estão vivenciando um período de luto podem sentir uma dor muito grande, que se torna mais difícil no Natal e no Ano Novo. Ninguém está preparado para a perda de pessoas queridas e aí sentimos uma gama enorme de emoções: amor, saudade, tristeza, solidão, revolta, junto com comportamentos de isolamento, sensação física de dor e o sofrimento pela incompreensão por parte de algumas pessoas.
O que fazer nesses momentos? Falar ou escrever de quem morreu! A linguagem falada ou escrita é permeada por lembranças tristes ou alegres que possibilitam o enlutado apaziguar o coração, amenizar a saudade e garantir que, em algum lugar dentro de si, a pessoa tão amada que se foi permaneça viva.
Balanço das emoções
No período de festas, portanto, estamos mais vulneráveis, sentimos diversas emoções com mais intensidade porque refletimos mais, lembramos mais, revivemos dores referentes a perdas e conflitos, evocamos oportunidades aproveitadas ou não, nos vêm à memória arrependimentos, conquistas, vitórias e fracassos e fazemos um balanço do ano que está terminando. Isso tudo pode afetar a nossa saúde mental sim, mas o pior é fugir de tudo isso.
O convite é para que nos entreguemos a esse balanço: que possamos agradecer pelos aprendizados e coisas boas da vida e que possamos nos perdoar em primeiro lugar. Uma rede de apoio é muito importante: buscar a acolhida de familiares e amigos empáticos. Ajuda também cultivar a espiritualidade, fazer atividades que dão prazer, escrever e falar sobre o que incomoda. Se isso não funcionar e a dor persistir para além do período de festas, o melhor é buscar ajuda de um psicólogo e/ou psiquiatra.
Dicas de livros
A professora recomenda ainda dois livros para lidar com situações difíceis: “A morte é um dia que vale a pena viver”, de Ana Cláudia Quintana Arantes; e “Comunicação não violenta: técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais”, de Marshall Rosenberg.