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Festival Gralha Azul movimenta cenário literário infantojuvenil

Assessoria – O Festival Gralha Azul de Vivências Literárias reuniu na última sexta e sábado (7 e 8) no SESC Estação Saudades 30 autores e ilustradores paranaenses que lançaram 20 obras infantojuvenis disponibilizadas gratuitamente na plataforma da Biblioteca Gralha Azul. O evento ainda contou com uma palestra magna do escritor paranaense Domingos Pellegrini, vencedor de seis prêmios Jabuti, no auditório do campus central da UEPG, com a mediação do também escritor e reitor Miguel Sanches Neto. As atividades, promovidas pela editora ABC Projetos Culturais, em parceria com o SESC e UEPG reuniram um público de cerca de 1500 pessoas.

Na plataforma do SESC Estação Saudade o público teve acesso a totens para leitura e audição das obras, podendo também interagir com as mesmas a partir de um Jogo da Memória gigante, jogos desenvolvidos exclusivamente a partir das narrativas,  contações de história com uso de holograma, leituras interpretativas, histórias musicalizadas, atividades envolvendo realidade virtual, oficinas de modelagem 3D, declamações de poesias e espaços para que o público também pudesse contar suas experiências a partir dos temas abordados nas histórias. O Instituto Pegaí participou com estantes de livros infantojuvenis disponibilizados para leitura.

Autores e ilustradores participaram de rodas de conversa, mediadas pelos alunos da Pós-Graduação em Estudos da Linguagem, da UEPG. Estudantes do curso de Jornalismo da UEPG fizeram registros do evento através dos projetos Lente Quente e Cultura Plural.  O curso de Artes Visuais coordenou oficinas para o público infantil.

Experiente, o contador de histórias Alfredo Mourão afirma que ainda não havia participado de um evento literário onde fosse possível observar tantas diferentes leituras de uma mesma obra. “Além das leituras do autor e do ilustrador, nos deparamos com a apresentação das obras a partir de outros olhares, como o do contador de histórias, do músico e de uma série de outros profissionais que partir das suas interpretações conduziram atividades”, revela. A utilização do holograma com animação de cenas nas contações de histórias possibilitou a interação com outras linguagens. “Foi uma experiência diferente, agregando novos valores e repertórios”, considera. Ele também destaca a participação expressiva de pais se envolvendo com os filhos nas atividades, fazendo com que a literatura aproximasse as famílias.

Para a diretora da ABC Projetos Culturais e curadora do Festival Gralha Azul de Vivências Literárias, Alessandra Pirroncello Bucholdz,  as atividades promovidas simbolizaram mais que a reunião de 30 escritores e ilustradores em torno do lançamento de 20 obras. “O Festival marcou o início de um movimento, com foco na produção literária infantojuvenil paranaense”, defende.  Esse movimento, segundo ela, trouxe para a pauta uma demanda latente no sentido de analisar, debater e refletir sobre a literatura direcionada à criança e ao adolescente. “É um movimento que não pode mais parar, nem sair de pauta. Estudantes, professores, mediadores de leitura, escritores, ilustradores e editoras demonstraram em suas falas a importância desse campo de estudo no sentido de tornar essa produção cada vez significada e alinhada com o momento em que a sociedade vive”, afirma.

O Festival Gralha Azul de Vivências Literárias foi aprovado pela Lei Municipal de eventos geradores de fluxo turístico (SETUR PG) e foi viabilizado por meio do patrocínio da Continental Produtos Automotivos do Brasil. É uma realização da ABC Projetos Culturais e conta com o apoio do SESC e da UEPG.

Biblioteca Virtual

A Biblioteca Gralha Azul surgiu com a proposta de dar visibilidade e descobrir novos talentos da literatura paranaense. O projeto, aprovado pela Editora ABC Projetos Culturais através da Lei Federal de Incentivo à Cultura contou com o apoio das empresas Paccar Financial, AP Winner, Belgotex do Brasil e Colégio Sepam.

Através dele, a ABC Projetos abriu um concurso literário para autores paranaenses, onde uma curadoria selecionou 20 textos, que foram revisados, editados, ilustrados e diagramados para a produção de e-books. As obras estão disponibilizadas gratuitamente para leitura através do site do projeto (https://bibliotecagralhaazul.com.br/).

Dos 20 autores publicados pela Biblioteca Gralha Azul, oito fazem parte de uma nova geração de escritores que estão tendo a oportunidade de ter os seus primeiros livros publicados.

A ponta-grossense Catarina Zarochinski de Oliveira estreia no mundo das letras com a obra ‘Em busca da Lagoa Dourada’, título que homenageia um dos principais pontos turísticos de sua cidade natal. “Criadas as personagens, pensei em lugares e pontos turísticos de Ponta Grossa que seriam interessantes para as crianças leitoras.  Além de lugares, também procurei relembrar um pouco do patrimônio imaterial da cidade, como lendas, culinária, símbolos, linguajar, entre outros”, relata sobre sua obra.

A autora Ivonete Gasparello, moradora de Maringá, escreveu a obra ‘Dançando com as dobrinhas’, que aborda de forma sensível a trajetória de uma menina que, conforme vai crescendo, começa a carregar estigmas por conta do peso e foi baseada em histórias de sua família e no sofrimento que isso causa na infância. “Isso não é um problema individual. É um problema de saúde pública”, ressalta.

Ivonete, que é professora e sempre teve os livros como grandes companheiros, jamais pensou em ter um livro publicado até 2023. Após frequentar uma oficina preparatória de escrita, decidiu colocar suas histórias no papel. “Escrever é construir mundos possíveis, mostrando a natureza humana, suas singularidades, suas complexidades e sua essência”, relata a autora. “Confesso que quando recebi o resultado do concurso, deu um frio na barriga: mais pessoas vão ler o que escrevi”, brinca.

A também maringaense Agnes Izumi Nagashima, autora de ‘Nas cores do pôr-do-sol’, é outra autora estreante. Desde criança, ela já rabiscava as primeiras poesias. Após um curso de escrita criativa, Agnes passou a se aventurar por diferentes gêneros, escrevendo contos e crônicas. Ela já recebeu premiações em concursos literários, e atualmente faz parte da União Brasileira de Trovadores (UBT) de Londrina. “A literatura é uma alegria na minha vida. Os escritores que criam diferentes mundos encantam os leitores”, conta ela que mantém o hábito de ler para o seu filho de cinco anos diariamente.

Residente em Foz do Iguaçu, Paulo Renato da Silva estreia no mundo ficcional com a obra “Amélia Poleiro”, que procura orientar de modo lúdico e divertido as crianças sobre o bullying. “Como pai, o tema do bullying é uma preocupação constante. Eu queria escrever uma história que ajudasse tantas crianças e adolescentes a olharem para si com os próprios olhos e não com o olhar de quem pratica bullying”, afirma.

Além deles, estreiam na literatura, por meio da Biblioteca Gralha Azul, os autores:  Elena Zuria Eggerte (Os tamanhos do coração), Joice Gumiel Passos (Um dia de Alice) e Suelen Trevizan (Sikré).

A diretora da ABC Projetos, coordenadora editorial das obras, Alessandra Bucholdz, ressalta a importância do projeto para a sociedade. “Por meio do projeto, apresentamos e reconhecemos quem produz literatura no Paraná a fim de valorizar estes talentos e revelar novos”, afirma. Além disso, ela reforça que “a literatura infantojuvenil tem o potencial de cativar crianças, adolescentes e adultos a explorarem os caminhos da fantasia, instigar o diálogo entre gerações, preservar memórias e vislumbrar mundos diferentes, assim como, de tratar com leveza questões sensíveis”.

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